A Intolerância
religiosa e a responsabilidade de certos lideres religiosos.
É triste ver que ainda hoje acontecem episódios lamentáveis como o do apedrejamento de uma
menina de 11 anos, apenas por ela estar vestida com as roupas do candomblé. Vivemos
num país que é tido como livre desse tipo de acontecimento. Por
aqui, acredita-se, todas as religiões vivem em harmonia. Mas não é bem assim
que acontece na prática. Segundo uma pesquisa feita entre 2008 e 2011 nos terreiros cariocas denominada
cartografia social de terreiros do rio de
janeiro e disponível no link http://www.nima.puc-rio.br/images/MAPCMRA-
RJ/TEXTOS/Cartilha%20Mapeamento%20com%20codigo.pdf mais da metade
dos terreiros sofreram e sofrem algum tipo de violência devido à intolerância
religiosa.
Isso quer dizer que sempre tem
acontecido algum tipo de violência contra os seguidores dos cultos
afro-brasileiros. É triste ver que a ignorância de alguns, aliada aos preconceitos
ou interesses de outros tem alimentado esse tipo de situação e quase não vemos
debates sérios nas TVs abertas sobre um assunto tão importante para a sociedade
brasileira. Quase não há espaço nessas mesmas TVs destinados aos cultos
afro-brasileiros e assim, perpetua-se a ignorância.
Nesse momento, alguns líderes religiosos tem que parar para pensar na
sua responsabilidade como tal. Eles
podem estar insuflando esse tipo de violência, mesmo que a intenção não seja exatamente
essa. Tudo o que eles falam nos seus templos ganham uma dimensão enorme e eles tem
plena consciência disso. Ninguém pode
alegar ignorância quanto a isso,
Assim, é preciso um pouco mais de responsabilidade
quando você, como líder religioso, abre a boca para falar mal da religião a, b
ou c. Quando você fala, por exemplo, que as religiões afro-brasileiros e o espiritismo,
evocam o “demônio” você está insuflando o ódio religioso nos seus fieis e, lamentavelmente,
Isso tem sido muito comum. O “demônio”, aliás, é a galinha dos ovos dos
ovos de ouro de muitos desses charlatões que falam muito mais NELE do que em
Deus. O dia em que ELE for tratado como a
figura mítica que realmente é, acabou-se o reinado do medo. Não haverá mais
tanto charlatanismo e tanta ignorância.
Em suma, é preciso que esses
senhores deixem de lado a hipocrisia e assumam com responsabilidade a parte que lhes cabe, ainda que
indiretamente, em todos esses lamentáveis
episódios. É urgente que mudem o seu discurso e passem a agir como agentes da
paz e da harmonia entre as pessoas, coisa de um verdadeiro líder religioso.
Francisco Lima