O PL 6583/2013,
o preconceito e a família
tradicional.
Mesmo não sendo muito expansivo
na expressão dos meus sentimentos, sempre me emociono quando vejo a entrega de
pessoas que muitas vezes abdicam da sua própria existência em favor do próximo.
Seres abnegados que vivem apenas para dar alegria, para dar oportunidades aos
desvalidos e discriminados numa sociedade tão permeada pela violência nos seus
mais diversos aspectos. Essas pessoas tem o prazer de servir o próximo e vivem
para essa finalidade,
Há também aqueles que abraçam uma causa nobilíssima em favor
de crianças abandonadas nos muitos orfanatos e abrigos existentes Brasil afora.
Essas crianças esperam apenas uma oportunidade
de ter uma família. Há Pessoas que adotam
irmãos que não podem se separar e, por isso, ficam anos a fio esperando. É
fácil compreender que a separação para
eles seria por demais dolorosa e representaria a perda da uma referencia fundamental
em suas existências. Assim, essas pessoas dão uma oportunidade rara a
esses irmãos.
Mas será que esses entes abandonados pela sorte e pelo
destino só se adaptariam ao tipo de família tradicional formado por homem e
mulher?
O amor não seria o principal fator para a felicidade dessas crianças
na família adotante?
Para muitos esse amor não é suficiente e os defensores do PL 6583/2013
( estatuto da família) não concebem
outro tipo de família que não seja o tradicional formado por homem e mulher. O citado
projeto de lei trás logo no seu artigo 2º “que a “entidade familiar” é definida como o “núcleo social
formado a partir da união entre um homem e uma mulher por meio do casamento ou união estável”.
A
sociedade muda, os costumes mudam e quem não acompanha essas mudanças acaba
ficando para trás. Não dá para voltar atrás e começar tudo de novo. É até compreensível
que muitos queiram preservar o que eles consideram como família tradicional e
tenham até boas intenções em seus intentos. Entretanto, há uma forte carga de
preconceito no discurso de muitos indivíduos defensores da “família tradicional”.
São os mesmos defensores da “moral e dos bons costumes”.
A sociedade atual precisa é de mais
solidariedade, mais amor e temos que ser um pouco mais indulgentes com as
pessoas. Vivemos um momento delicado em que o preconceito cresce perigosamente em
suas mais diversas vertentes. Discursos às vezes com forte teor preconceituoso
e até racista são tidos muitas vezes como normais. A homofobia cresce à medida
que os gays vão ganhando mais espaço em nossa sociedade. E o mais trágico disso
tudo é que o preconceito quase sempre vem atrelado a um discurso associado a religião.
Temos que rever nossos paradigmas e defender
o que vale realmente a pena. Vamos defender os direitos das crianças abandonadas
de serem adotadas, o direito daqueles que não tem ninguém por eles, o direito
de todos, sem distinção de cor, raça, credo ou orientação sexual. Defendamos uma
sociedade livre do preconceito e do falso moralismo. É disso que precisamos
para viver melhor.
Francisco
Lima.
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