Casos extremos de superação
Na última semana, a história de Claudio
Vieira de Oliveira, de 37 anos, impressionou muita gente. Mais que o
desconhecido, foi a naturalidade do baiano que tem a cabeça virada para trás ao tratar de sua
deficiência o que mais surpreendeu. Da mesma forma, milhares de brasileiros travam
lutas diárias para serem bem-sucedidos pessoal e profissionalmente, superando
deficiências físicas, visuais e auditivas. O EXTRA selecionou algumas histórias
impressionantes de pessoas que não desistem nunca.
Superação
Para Claudio, a artrogripose congênita, doença que deixou seus braços e
pernas deformados e sua cabeça virada para trás desde o nascimento, em 1976, é
fonte de inspiração. Sua história de vida é o tema de palestras motivacionais
que ele oferece pelo Brasil. Em outubro, ele irá para os Estados Unidos
contá-la em três cidades. Apesar das dificuldades, Claudio não se refere a si
mesmo como “deficiente”.
— Para ser sincero, eu nem percebo quem eu sou.
Eu nunca percebi se eu sou uma pessoa portadora de necessidades especiais,
deficiente, sei lá. Muita gente me pergunta qual o segredo para isso. Bom, para
mim, o segredo é o próprio meio. Se o meio lhe olhar assim (como deficiente), é
assim que você se vê. Eu tenho muita popularidade aqui na minha cidade, me
comunico bem, nunca fico sozinho. Talvez o segredo seja esse, a compreensão de
cada um — explica.
A história de Fernando Fernandes daria uma novela
- ou seria reality show? Depois de participar do “Big Brother Brasil”, em 2002,
o paulista sofreu um acidente automobilístico que o deixou paraplégico, em
julho de 2009. O que para muitos representaria o fim da vida e da carreira
virou um recomeço. Fernandes retomou sua vocação para os esportes e virou
campeão mundial de canoagem paralímpica. Em janeiro deste ano, o ex-BBB
publicou uma foto em que aparece de pé, apoiando-se em uma das mãos. "A
esperança vê o invisível, sente o intocável e alcança o impossível. Tudo no seu
momento", festejou Fernando, emocionando e recebendo inúmeras mensagens e
parabéns dos seus seguidores. Os próximos capítulos da trama prometem...
O esporte também foi o caminho encontrado por Robson Santos. Ele foi vítima de uma bala perdida há 19 anos e
também ficou paraplégico. No PAM de Del Castilho, para onde foi levado, acabou sendo confundido
com um bandido por policiais. Ele precisou da ajuda de seu chefe na época para
provar que não tinha antecedentes criminais e poder voltar para casa. O técnico
em tomografia computadorizada descobriu na natação a motivação necessária para
ir além das barreiras que lhe foram impostas.
— O esporte mudou a minha vida. A autoestima fica praticamente sem
limite. As pessoas te olham com mais respeito, não mais com pena. Elas veem que
você é capaz, independentemente da sua deficiência. Te respeitam como ser
humano — explica ele: — Sem falar nas dores, que diminuíram, e os movimentos,
que melhoraram.
ada derruba Paulo Eduardo Aagaard, o Pauê. Quando tinha tinha 18 anos
quando ouviu de um paramédico: "Você perdeu as duas pernas e terá que
viver com isso". Mais que conviver com a deficiência, ele virou o primeiro
surfista biamputado do planeta (graças a uma técnica própria de se equilibrar
de joelhos na prancha). O brasileiro também já foi campeão mundial e
pentacampeão brasileiro de triatlon. Impressionante!
Artes
A perda de um dos cinco sentidos estimula o desenvolvimento de outro.
Para Nathalia Silva, de 24 anos, que
nasceu surda, isso se manifesta na paixão pelas cores: o que é colorido faz seus
olhos vibrarem — sobretudo se o colorido for justamente nos olhos. É que a
jovem de São Bernardo do Campo, em São Paulo, sempre se interessou por
maquiagem, “desde criança”, e fez disso sua profissão.
Para aprender mais sobre o assunto, Nathalia buscava vídeos tutoriais de
maquiagem na web. Numa rápida busca no Google é possível encontrar milhares de
opções de vídeos em várias línguas ensinando diferentes técnicas para preparar
a pele, passar blush, fazer olhos multicoloridos ou tudo isso junto. Nessa
vasto universo, a jovem notou que faltava um tipo de vídeo, para ela, óbvio: em
libras (língua brasileira de sinais).
— Eu gostava muito de maquiar as pessoas e sempre via os vídeos do
Youtube sem legenda. Eu tinha que ficar tentando entender... Lembrei que dei
aulas de maquiagem para surdas e ouvintes (que sabem libras), e foi muito
legal! É fácil ensinar com libras — contou Nathalia, por e-mail, sobre a ideia
de começar a fazer os vídeos. — As surdas ficaram muito felizes de entender
como fazer os detalhes das maquiagens.
A história de Luciano Alves, de 26 anos, que ficou tetraplégico depois
de um acidente na praia do Arpoador, em 2002, é comovente. Apesar de ter
perdido os movimentos de braços e mãos, o jovem encontrou na arte uma forma de
se expressar. Ele pinta quadros com a boca, já que perdeu o movimento do pescoço
para baixo, e faz parte da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, que conta com mais
de 800 artistas pelo mundo.
— Eu nunca encarei esse fato como um castigo. Muito pelo contrário, foi
uma bênção. Deus me deu uma segunda chance para viver.
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