A questão envolvendo João…
Naquele dia houve, entre outras coisas, uma intensa discussão no grupo dos seis sobre o caso de um menino que "resolveu", digamos, sair do armário:
Mas a família dele é cristã! Não acho que os pais estejam totalmente errados, disse Edu.
Mas Jesus jamais discriminou alguém. Ao contrário, ele acolhia a todos. Gabriela deu sua opinião.
Acho que esse assunto é muito pessoal e não cabe a ninguém interferir. Kawane também opinou de forma assertiva.
Acho que em quaisquer circunstância, os pais têm que ter muito amor pelos filhos, mas há também a questão de uma certa cultura religiosa que, as vezes, interfere demasiadamente na opinião que as pessoas podem formar sobre certos assuntos, principalmente no tocante a sexualidade,
Papo vai, papo vem, e a conversa tá rolando por horas a fio, mas até agora não fizemos um parêntese para jogar uma lupa sobre como veio a tona o assunto em questão.
Pois bem, o problema envolve João, um amigo do grupo que foi abordado pela mãe ao chegar em casa:
Sua prima disse que você anda se declarando gay na escola. Ela foi seca e direta.
Não é nada disso mãe! O menino ainda tentou se esquivar.
Nós somos de família cristã e contrários à pederastia. Deus criou o homem e a mulher!
Mas Jesus não discriminava ninguém, ainda falou um indignado e corajoso João.
Seu não vai gostar nada de saber que tem um filho viadinho em casa! A mãe dispara tais palavras sem um mínimo de sensibilidade e muito menos ainda, de espírito cristão.
Não esperava que você fosse tão preconceituosa! O menino disse tais palavras chorando e saindo correndo de casa.
Se tivesse aonde ficar, João não voltaria mais para casa. Ele se sentia sem chão e sua vida, naquele momento, parecia-lhe desprovida de sentido.
Talvez fosse melhor eu desaparecer de vez, pois ninguém gosta mesmo de mim! Tais pensamentos tomavam de assalto aquele frágil adolescente de 15 anos que não entendia como uma simples questão de orientação sexual pudesse ganhar contornos tão graves.
João andou por horas querendo apenas um ouvido complacente. Alguém que pudesse ouvi-lo sem julgamento, sem a “hipocrisia” do preconceito em nome de uma certa religiosidade.
Chegando próximo da nave do conhecimento, totalmente desnorteado, ele encontra Camila, uma colega do nono da mesma escola que ele. Ela percebe sua tristeza e pergunta?
Posso ajudá-lo em alguma coisa? As lágrimas descem sem controle e joão desabafa:
Me sinto um peixe fora d'água! Meus pais não me aceitam. Ele contou tudo o que aconteceu, seu diálogo nada amistoso com a mãe e de como saiu chorando para a rua sem rumo e sem vontade de voltar para casa.
Se acalme meu querido! Você não fez nada de errado. Eles vão ter que te aceitar.
Mas eu não quero voltar para casa!
Antes que Camila falasse mais alguma coisa, o sexteto da alegria foi visto saindo naquele momento da nave do conhecimento onde estiveram fazendo uma pesquisa de ciências.
Soubemos do seu drama e estamos todos com você! Gabriela foi direto ao ponto.
Não sofra, pois você não fez nada de errado. Tudo vai passar! Pyerre acompanhou a opinião de Gabriela.
Nesse momento, todos deram um abraço coletivo em João que só precisava disso para se sentir totalmente acolhido. Conversaria com os pais para resolver de vez a questão. Até sairia de casa se preciso fosse, mas estava decidido a enfrentar esse drama movido a preconceito.
No próximo episódio veremos o desenrolar desse drama.
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