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Sou um aprendiz da vida, um aluno teimoso e muitas vezes repetente como a maioria, mas, após tantas quedas e solavancos da vida, eu começo a despertar as boas potencialidades latentes em mim. É um processo longo esse, bem o sei, mas não deixarei que pensamentos, sentimentos e emoções doentias tomem o controle da minha vida. Chega de de sofrer por causa dessas escolhas equivocadas! Tudo agora vai acontecendo passo á passo. Nada de pressa nem ansiedade, as coisas não acontecem de uma hora para outra. A natureza não dá saltos. Agradeço ao criador de todas as coisas por essa mudança que começa a se processar em mim.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Estórias do interior: O jurafinca



Estórias do interior: O jurafinca

Quando eu era criança na minha pequena cidade natal do interior de Minas Gerais eu ouvia muitas estórias do folclore local e muitas dessas estórias versavam sobre fantasmas e seres sobrenaturais de todo tipo. Esses contos eram sempre adaptados, de acordo com as personagens que apareciam na trama. Meu pai sempre aparecia se dando bem no final. Outros personagens quando entravam na estória representando um papel similar ao dele sempre se davam mal. Mas, ainda assim ele era um exímio contador desses fatos tidos como fantásticos.

Enquanto criança eu ainda acreditava nesses contos fantásticos, mas fui crescendo e comecei a duvidar da veracidade deles. Até que um dia pude ver com esses olhos que a terra ainda há de comer que nem tudo que me foi contado eram contos fantásticos. Talvez muitos desses contos fossem reais de fato, pois acabei por me deparar com o inverossímil JURAFINCA que na minha cabeça de jovem não passava de imaginação de papai.

Meu pai contava sobre um animal, não sei posso me expressar assim. Mas o bicho parecia um animal de grandes proporções que perseguia as pessoas que cruzavam uma floresta após a meia noite. Esse bicho tinha aproximadamente uns seis ou sete metros de altura segundo as descrições dadas pelo meu pai e se assemelhava a um imenso gorila. Muitos homens que se atreveram a atravessar a tal floresta que ligava as duas cidadezinhas não voltaram mais para contar sua história. Eles teriam desaparecido sem deixar rastros ou vestígios.

As cidadezinhas de Entre folhas e Pau de folha eram ligadas por essas área de floresta de aproximadamente cinco quilômetros de extensão. Era um local completamente ermo e, à noite, a escuridão era total. Muita gente não arriscava a passar pelo local nem durante o dia, visto que o local era o principal cenário dos contos de terror dos mais velhos que já teriam visto coisas do arco da velha por aquelas paragens.

Eu estava então com 18 anos e me achava um jovem cheio de disposição e coragem. Por esse tempo eu já não acreditava nas estórias fantásticas contadas pelos mais velhos. Para mim, eram apenas contos folclóricos, tais como o do saci, da mula-sem-cabeça e muitos outros que já fazem parte do folclore brasileiro.

Nesse tempo eu morava na cidade de Pau de folha e comentava-se que haveria uma festa de casamento na cidade vizinha de Entre folhas. Muita gente da minha cidade iria ao casamento. O pessoal era conhecido nosso e eu também não perderia essa oportunidade. Todo mundo sabia que existia um caminho Pela estrada, mas que era muito mais longo. Talvez esse caminho mais longo ficasse para a volta, pois o medo de passar pela floresta altas horas da noite era por demais grande. Eu, porém não estava disposto a encarar esse longo caminho. Iria pelo atalho da floresta e voltaria são e salvo provando pra todo mundo o quanto há de fantasioso nessas estórias dos mais velhos.
Quando me preparava para sair para o casamento minha mãe ainda tentou me alertar:
-Fio, não vá pela floresta sozinho que o caminho tá perigoso demais. O JURAFINCA anda aparecendo muito por esses dias. O fio do seu Zé Marçal despareceu na floresta há um mês e ninguém teve mais noticia dele. Vai junto com o povo e não se arrisque sem necessidade.

-Que nada mãe! Isso é coisa de gente ignorante! O Jurafinca é um folclore e não existe de verdade.

- Ele há de aparecê procê e ocê nunca mais vai duvidar dos mais véio.

-Boa noite mãe.

Saí de casa aborrecido com a praga rogada pela minha mãe. Dizem que praga de mãe é forte e dificilmente não se concretiza. Mas isso é coisa de gente roceira, ignorante.

Fomos todos pelo atalho da floresta, pois ainda não havia escurecido e o aspecto daquele lugar sombrio em nossa imaginação ainda não era tão assustador assim. Passamos pela floresta sem qualquer incidente digno de nota, chegamos todos animados ao casamento, mesmo depois de uma longa caminhada de cinco quilômetros.

A festa foi ótima, especialmente para mim que acabei arrumando uma namoradinha por lá. Uma menina de apenas 15 anos arrebatou meu coração. Agora eu teria motivos de sobra para atravessar a floresta muitas vezes mais. Mas o povo estava preocupado em como voltaria pra casa, visto que o tempo havia passado e já eram quase dez horas da noite. Muito tarde para quem precisava encarar uma maratona a pé, já que passar pela floresta àquela hora nem pensar. Mais o povo teve que voltar pra casa e pegaram o caminho mais longo. Mais de dez quilômetros de caminhada firme.

Eu, porém resolvi voltar pela floresta. Ainda chamei alguns homens, alguns colegas meus, mas ninguém topou. Encarar a floresta naquela hora avançada era algo muito perigoso na cabeça daquela gente medrosa. Mesmo com um pouco de medo, não arredei pé e fui fundo floresta adentro. Quando já estava chegando no meio do caminho comecei a pensar nas histórias do meu pai. Era ali que tudo acontecia. Os latidos dos cachorros já eram visíveis e davam a impressão de que algo estava acontecendo. Eu não tive muito tempo de pensar na situação. Quando dei por mim, lá estava ele muito próximo. Era um bicho enorme, peludo e que me olhava furioso. NUNCA TINHA VISTO ALGO PARECIDO E NEM IMAGINAVA EXISTIR UMA CRIATURA TÃO MONSTRUOSA.

Para salvar a minha pele, nunca corri tanto na minha vida e só não fui pego pelo monstro porque me escondi algumas vezes entre as árvores e arbustos. Por ali eu ficava minutos, que pareciam séculos, guardando completo silencio apesar do imenso medo. As calças já estavam cheias, pois não consegui me segurar e me defequei todo. O coração batia tão forte que parecia que ia saltar pela boca.

Pensava em permanecer no meu esconderijo até o dia amanhecer, mas o fedor que saia do meu corpo era grande demais para eu suportar. Consegui despistar o monstro a achei um pequeno atalho, uma trilha onde ele não conseguiria passar. Ganhei no mínimo uns duzentos metros de vantagem e segui adiante. Quando ele me avistou eu já estava bem adiantado e consegui correr até chegar próximo a outro esconderijo, pois o bicho corria muito.

E assim, usando um pouco de inteligência e mudando sempre de esconderijo consegui chegar em casa. Absolutamente morto de cansaço pulei a cerca da minha casa gritando pela minha mãe e de tanto medo arrombei a porta antes que ela a abrisse. Minha mãe viu o espectro do monstro e pôs-se a rezar e a se benzer até que o bicho se afastou milagrosamente da nossa casa, como que por encanto ou mesmo pela ação potente da sua reza tida como forte.

Depois desse dia, continuei namorando a menina da cidade vizinha, mas não tive mais coragem de passar pela floresta. Isso virou um trauma que eu jamais superei.

Aprendi bastante com esse fato, principalmente a respeitar a opinião dos mais velhos. Respeitar suas crenças e valores e a não considerar como lendas os fatos narrados por eles. Para mim, tudo agora é verdade até prova em contrário.

Francisco Lima

4 comentários:

  1. Oi Francisco, minha avó, hoje com 70 anos cresceu em fazendas de MG e tbm conta histórias sobre a Jurafinca. Na versão dela era uma mulher negra, alta e magra extremamente que tinha uma casa na região onde quem fosse morar lá ela não deixava em paz. Ela diz que ela gritava: O meu nome é Jurafinca o lugar que bate finca. - e batia com sua bengala até enterrar... Um dia um compadre dela foi passar em frente a casa dela e tomou uma surra daquelas.

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    1. É verdade. Tem várias versões do Jurafinca. Na minha família mesmo eu já ouvi versões diferentes.

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  2. Minha mãe contava também a história da Jurafinca mas era uma mulher muito alta branca e careca ! Que saia debaixo de uma gameleira! Mas era um ser maligno! Que aparecia pra quem xingava muito principalmente a Pest&!

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  3. A minha vó também tem um história com essa "Jurafinca" ,como visto em diferentes histórias, na dela tarde da noite pra época umas 22:00 da noite virando a esquina da rua da sua casa com sua amiga ela viu a Jurafinca, como a figura atualmente nomeado de Slenderman ( mostrei a minha vó, ela diz ser igualzinho ,tirando o terno, na experiência da minha vó ela ou ele sei lá , estava vestindo roupas '"militares")sem rosto muito alto, na medida que ela andava crescia igual poste de luz, andando e crescendo, quando minha vó e sua amiga viram, viraram a rua e foram correndo pra casa ,sua amiga morava uma casa a frente, na hora do desespero ela fechou o portão e deixou minha vó pra fora ,minha vó correu pra casa, e que azar, nessa noite minha vó estava sozinha em casa, a coitada com seus 16 ou 17 anos dormiu chorando, até mijou de medo na cama achando que aquela coisa ia pegar ela. Procurem pelo nome Slenderman era igualzinho,tirando o terno.

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